11/02/2019 Declaração em Abu Dhabi é “um passo à frente” nas relações entre religiões

O Encontro Inter-Religioso no Founder’s Memorial, em Abu Dhabi, na última semana, do qual o papa Francisco participou, foi um evento que “constitui ‘um passo à frente’ nas relações” entre o catolicismo e o mundo muçulmano sunita. A avaliação é do bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ), dom Francesco Biasin, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Dom Biasin comenta que o abraço da paz com o grande Imã de Al Azhar, Ahmad Muhammad Al-Tayyib, sela um percurso de encontros realizados sobretudo com a mediação da Comunidade Santo Egídio no “Espírito de Assis”. “Trata-se de um abraço que levou à assinatura de uma declaração conjunta entre a Igreja Católica e a Universidade de Al-Azhar sobre a fraternidade humana para a paz no mundo e a convivência comum”, situa.

O bispo destaca a fala do papa Francisco na qual manifesta a motivação da finalidade da viagem aos Emirados Árabes:

«De ânimo reconhecido ao Senhor, aproveitei o ensejo do VIII centenário do encontro entre São Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kamil para vir aqui como crente sedento de paz, como irmão que procura a paz com os irmãos. Desejar a paz, promover a paz, ser instrumentos de paz: para isto, estamos aqui».

As duas religiões, catolicismo e islã, deram “um passo à frente” nas relações entre si. “Nesta declaração se afirma que somos irmãos com todas as implicações positivas que esse nome carrega em si”, explica dom Biasin. “De fato podemos afirmar que esta declaração bilateral poderá se tornar paradigmática para outros diálogos futuros”, continua, recordando a consideração do papa sobre a elaboração do documento assinado:

«O documento foi preparado com muita reflexão e oração. O Grande Imam com sua equipe e eu com a minha. Oramos muito para conseguir a elaborar este documento porque para mim há um só grande perigo neste momento: a destruição, a guerra e o ódio entre nós. E se nós, crentes não temos a capacidade de nos dar a mão, abraçar-nos e também orar, a nossa fé será derrotada. Este documento nasce da fé em Deus que é pai de todos e pai da paz e condena toda destruição, todo terrorismo. O primeiro terrorismo da história é o de Caim. É um documento que se desenvolveu, entre idas e vindas, ao longo de quase um ano de orações».

 

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