18/02/2020 Artigo: Comunidade em Sobriedade

Dia 18 de fevereiro, lembramos o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo. Trata-se de uma data importante porque se refere a uma causa que ocupa grandes esforços da igreja católica a partir de suas pastorais, organismos, movimentos e serviços. Principalmente da Pastoral da Sobriedade, criada em 1998 durante a 36ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e recordando São João Paulo II, o qual se empenhou bastante nesta causa enquanto era papa. Em outubro de 1997, durante o Seminário Internacional Sobre Droga, na Cidade do Vaticano, ele fez uma comovente convocação: Conclamou cônjuges, mães e pais, filhas e filhos, jovens, famílias, professoras e professores, profissionais da saúde, poder público e igreja a se unirem contra “o flagelo da dependência química”. Ele também dizia que a igreja estaria ao lado de quem responsavelmente lutasse contra “a praga social da droga e do alcoolismo” rumo a uma “existência mais madura e mais digna”.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) o alcoolismo é uma doença que afeta o cérebro, o fígado, o estômago, o intestino, os músculos e o coração. Corresponde a um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, pois 15% de sua população é dependente, a maioria homens entre 18 e 29 anos. Também no banco de dados da Pastoral da Sobriedade Nacional, Regional e Diocesana, o alcoolismo é sempre uma das dependências mais recorrentes, a frente da nicotina, maconha, cocaína e crack. O alcoolismo é causa de inúmeros casos de violência doméstica, desentendimentos em locais públicos, motivo de brigas e mortes, além de acidentes automobilísticos.
Neste sentido, a Pastoral da Sobriedade da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga, através de seus agentes, incentivados pela própria CNBB, no Documento 100 nº 286 (“Comunidade de comunidades: uma nova paróquia” – A conversão pastoral da paróquia), de 2014 onde diz: “Algumas iniciativas não são fáceis de serem aplicadas, mas não urgentes. Uma delas é evitar a comercialização e o consumo de álcool nos espaços da comunidade, especialmente nas festas dos padroeiros e outros eventos religiosos, a venda de bebida alcoólica contrasta com os programas de defesa da vida e combate à drogadição que a igreja promove. Uma das drogas mais ameaçadoras da sociedade é o Álcool. Entretanto, algumas paróquias, em razões de questões financeiras, culturais ou porque “sempre foi assim”, cai nessa contradição grave. Será preciso encontrar saídas alternativas para a manutenção da comunidade como a partilha do dízimo. É urgente a CONVERSÃO das comunidades paroquiais para evitar o CONTRATESTEMUNHO de promover o consumo de álcool em quermesses ou outras atividades recreativas da comunidade”, tem trabalhado orientando, esclarecendo e informando a questão do álcool nas comunidades, reuniões dos Conselhos Paroquiais de Pastorais (CPPs), Conselhos de Pastorais das Comunidades (CPCs), assembleias Diocesanas, Conselho Regional de Pastoral (CRP) e assembleias do Regional Oeste II, bem como nos cursos de formação para novos agentes em MT.
Para finalizar, registramos aqui com muita alegria, que a Paróquia São José Esposo foi pioneira em proibir a venda de bebidas alcoólicas há mais de dez anos. A Paróquia Bom Pastor não vende há cerca de seis anos. A Paroquia São Domingos Sávio, desde 2016. A Paróquia Santa Cruz há cerca de três anos. A Paróquia São João Bosco nunca vendeu e a Paróquia Sagrado Coração de Jesus deixou de vender ano passado.
Não comercializar bebidas alcoólicas nos espaços da igreja não é moralismo. É um ato concreto que pode facilitar o diálogo sobre o assunto na sociedade.

Sobriedade e Paz, só por hoje graças a Deus.

Doroty Carnahiba
Pastoral da Sobriedade Diocese de Rondonópolis/Guiratinga