25/01/2022 Ao Celebrar a Conversão de São Paulo, Igreja convida a ser Testemunhas do Evangelho

A Igreja celebra nesta terça-feira, 25 de janeiro, a Festa da Conversão de São Paulo. Aquele que perseguia os cristãos tornou-se, pela graça de Deus, o Apóstolo dos Gentios, sinal de missionariedade para a Igreja. Ao celebrar esta data na liturgia, o pedido é que cada cristão siga seus exemplos e seja, “no mundo, testemunhas do Evangelho”.

“Ó Deus, que instruístes o mundo inteiro pela pregação do apóstolo são Paulo, dai-nos, ao celebrar hoje a sua conversão, caminhar para vós seguindo seus exemplos e ser, no mundo, testemunhas do Evangelho”, lê-se na oração do dia.

O Evangelho também apresenta um trecho com o mandato missionário feito por Jesus. De Marcos 16, 15-18, o envio feito pelo Senhor:

“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!
16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado.
17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes:
expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas;
18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal
não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes,
eles ficarão curados”.

História e conversão de São Paulo

A Igreja reserva uma data específica para celebrar a conversão de São Paulo, cuja solenidade litúrgica ocorre junto com São Pedro, em 29 de junho (no domingo seguinte, aqui no Brasil). Nesta data, também é celebrada a fundação da cidade de São Paulo (confira trechos da reflexão do cardeal Odilo Scherer abaixo).

Saulo, seu nome original, nasceu no ano 10 na cidade de Tarso, na Cilícia, atual Turquia. À época era um polo de desenvolvimento financeiro e comercial, um populoso centro de cultura e diversões mundanas, pouco comum nas províncias romanas do Oriente. Seu pai Eliasar era fariseu e judeu descendente da tribo de Benjamim, e, também, um homem forte, instruído, tecelão, comerciante e legionário do imperador Augusto. Pelo mérito de seus serviços, recebeu o título de Cidadão Romano, que por tradição era legado aos filhos. Sua mãe uma dona de casa muito ocupada com a formação e educação do filho. Portanto, Saulo era um cidadão romano, fariseu de linhagem nobre, bem situado financeiramente, religioso, inteligente, estudioso e culto.

Aos quinze anos foi para Jerusalém dar continuidade aos estudos de latim, grego e hebraico, na conhecida Escola de Gamaliel, onde recebia séria educação religiosa fundamentada na doutrina dos fariseus, pois seus pais o queriam um grande Rabi, no futuro. Parece que era mesmo esse o anseio daquele jovem baixo, magro, de nariz aquilino, feições morenas de olhos negros, vivos e expressivos. Saulo já nessa idade se destacava pela oratória fluente e cativante marcada pela voz forte e agradável, ganhando as atenções dos colegas e não passando despercebido ao exigente professor Gamaliel.

Saulo era totalmente contrário ao cristianismo, combatia-o ferozmente, por isso tinha muitos adversários. Foi com ele que Estêvão travou acirrado debate no templo judeu, chamado Sinédrio. Ele tanto clamou contra Estevão que este acabou apedrejado e morto, iniciando-se então uma incansável perseguição aos cristãos, com Saulo à frente com total apoio dos sacerdotes do Sinédrio.

Um dia, às portas da cidade de Damasco, uma luz, descrita nas Sagradas Escrituras como “mais forte e mais brilhante que a luz do Sol”, desceu dos céus, assustando o cavalo e lançando ao chão Saulo , ao mesmo tempo em que ouviu a voz de Jesus pedindo para que parasse de persegui-Lo e aos seus e, ao contrário, se juntasse aos apóstolos que pregavam as revelações de Sua vinda à Terra. Os acompanhantes que também tudo ouviram, mas não viram quem falava, quando a luz desapareceu ajudaram Saulo a levantar pois não conseguia mais enxergar.

Saulo foi levado pela mão até a cidade de Damasco, onde recebeu outra “visita” de Jesus que lhe disse que nessa cidade deveria ficar alguns dias pois receberia uma revelação importante. A experiência o transformou profundamente e ele permaneceu em Damasco por três dias sem enxergar, e à seu pedido também sem comer e sem beber. Depois Saulo teve uma visão com Ananias, um velho e respeitado cristão da cidade, na qual ele o curava. Enquanto no mesmo instante Ananias tinha a mesma visão em sua casa. Compreendendo sua missão, o velho cristão foi ao seu encontro colocando as mãos sobre sua cabeça fez Saulo voltar a enxergar, curando-o. A conversão se deu no mesmo instante, pois ele pediu para ser Batizado por Ananias.

De Damasco saiu a pregar a Palavra de Deus, já com o nome de Paulo, como lhe ordenara Jesus, tornando-se Seu grande apóstolo. Sua conversão chamou a atenção de vários círculos de cidadãos importantes e Paulo passou a viajar pelo mundo, evangelizando e realizando centenas de conversões.

Perseguido incansavelmente, foi preso várias vezes e sofreu muito, sendo martirizado no ano 67, em Roma. Suas relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na Itália. O Senhor fez de Paulo seu grande apóstolo, o apóstolo dos gentios, isto é, o evangelizador dos pagãos. Ele escreveu 14 cartas, expondo a mensagem de Jesus, que se transformaram numa verdadeira “Teologia do Novo Testamento”. Também é o patrono das Congregações Paulinas que continuam a sua obra de apóstolo, levando a mensagem do Cristianismo a todas as partes do mundo, através dos meios de comunicação.

Celebração na maior cidade do País

Celebração na Catedral da Sé, em São Paulo (SP) | Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Padroeiro da maior e mais populosa cidade do país, São Paulo é também padroeiro arquidiocesano na arquidiocese sediada na capital paulista. Na manhã desta terça-feira, o arcebispo metropolitano, cardeal Odilo Pedro Scherer, celebrou uma missa na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção (Sé), marcando também o 467º aniversário de fundação da metrópole.

O cardeal Scherer ressaltou que essa solenidade litúrgica recorda um momento importante do início do cristianismo, quando Saulo de Tarso, fariseu zeloso, implacável perseguidor da nascente comunidade cristã, foi surpreendido por uma luz tão forte que o deixou cego e, dessa luz, ouviu-se a voz do próprio Cristo, no caminho para Damasco, aonde se dirigia para capturar alguns dos seguidores de Jesus.

“Aqui, vemos como a graça de Deus pode mudar uma vida, quando a pessoa se abre e se pergunta: ‘O que devo fazer, Senhor?’ e sinceramente se coloca à disposição de ouvir Deus”, sublinhou Dom Odilo, reforçando que todos são chamados a fazer essa mesma indagação muitas vezes ao longo da vida.

Dom Odilo invocou de São Paulo a proteção e ajuda “sobre esta cidade que traz o seu nome e lhe é devotada”. Pediu pelos doentes, os pobres, as pessoas que sofrem. “Olhamos para o Apóstolo e dele aprendemos a nos perguntar diante de todas essas situações: ‘Senhor, o que devemos fazer?’”, continuou.

Recordando a história da fundação da cidade de São Paulo pela missão dos jesuítas, dom Odilo ressaltou que, no primeiro núcleo urbano, em torno de um colégio e uma capelinha, se expressava a vida segundo os valores do Evangelho da paz, da defesa da vida, da promoção da dignidade da pessoa, da saúde, da educação, da cultura, da fraternidade, da boa convivência, do respeito recíproco.

“467 anos depois, somos postos diante da mesma pergunta, nesta imensa metrópole tão plural, com tantas manifestações e interesses diversos: o que somos chamados a fazer para que esse projeto inicial que era bom e continua válido também hoje marque a vida desta cidade?”, refletiu.

 

 

Fonte: Repost – https://www.cnbb.org.br/conversao-sao-paulo-testemunhas-evangelho/