07/11/2016 Presidente da CNBB recebe Patriarca Siríaco de Antioquia Visita é expressão da comunhão eclesial e momento para expressar solidariedade aos cristãos perseguidos

Visita é expressão da comunhão eclesial e momento para expressar solidariedade aos cristãos perseguidos

visita-patriarca2O arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Sergio da Rocha, recebeu nesta sexta-feira, dia 4 de novembro, o patriarca siríaco de Antioquia, Inácio José Terceiro Younan, líder da Igreja Católica Siríaca, na sede da entidade, em Brasília. Em sua primeira visita ao Brasil, Inácio teve a oportunidade de encontrar várias lideranças religiosas e civis para tratar da situação que os sírios estão vivendo atualmente com conflitos e fuga de milhares de famílias que buscam refúgio em outros países.

Dom Sergio da Rocha explicou que a visita à sede da CNBB é expressão da comunhão que os une na Igreja, “um momento em que se fortalece a união eclesial com a Igreja que está lá na Síria” e também “para expressar solidariedade com os cristãos perseguidos, particularmente com as comunidades católicas que sofrem”.

Acompanhado pelo arcebispo da cidade de Homs, na Síria, dom Teófilo Philipe Barakat, padres e assessores, o patriarca Inácio José Terceiro Younan agradeceu a oportunidade de conhecer a Conferência Episcopal do Brasil e pôde parabenizar seu presidente, dom Sergio da Rocha, por ter sido escolhido pelo papa Francisco como novo cardeal da Igreja.

Acolhida

O patriarca Siríaco de Antioquia falou da presença da Igreja Católica Siríaca no Brasil, que possui uma comunidade em Belo Horizonte (MG). A igreja do Sagrado Coração de Jesus dos Siríacos Católicos recebe os migrantes sírios desde 1925, quando uma grande quantidade pessoas chegaram ao Brasil, principalmente oriundos da cidade de Homs. Atualmente, o responsável pelo atendimento pastoral dessa comunidade é o padre George Rateb Massis (à direita na foto abaixo), que também participou da visita e entregou a dom Sergio da Rocha um panorama de acolhimento aos refugiados sírios naquela comunidade. Devido aos conflitos que acontecem na região do Oriente Médio, assim como há quase cem anos, a capital mineira volta a receber grande quantidade de migrantes da Síria.

patriarca-pegeorge“Padre George é o quinto padre que está servindo essa comunidade Sagrado Coração de Jesus dos Siríacos Católicos e nós estamos acolhendo uns números maiores de novos refugiados que estão chegando e esperamos poder atender e evangelizar de maneira melhor”, disse o patriarca.

Younan considera que a Igreja está vivendo uma “missão extra, cuidando muito bem desses refugiados com muito amor e carinho, entrando nessa situação de conflito triste e lamentável”. Ele ressaltou a presença constante e gratuita a serviço dos sírios, “dentro e fora do território do conflito e onde eles estão chegando”.

“A nossa missão é sempre mantê-los firmes na fé e na esperança, especialmente pelo conflito e pelo tempo tão difícil e doloroso que eles estão vivendo”, expressou.

Ressaltando que não há medo de perseguições e conflitos, uma vez que “são testemunhos fixos da nossa fé”, o patriarca expôs que a angustia da Igreja Católica Siríaca e das outras lideranças religiosas é que a situação do Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Síria, apresenta o maior perigo “de arrancar todos os cristãos da terra-mãe, das raízes da terra onde Jesus nasceu”.

Agradecimento e pedido

Inácio José Terceiro Younan agradeceu “de coração” a colaboração da Igreja no mundo inteiro que está em estado de comunhão e apoio, tanto em orações e ajudas financeiras. Mas também fez reforçou um pedido. “Eu como patriarca, peço aos meus irmãos bispos que eles manifestem um apoio extra, que peçam para parar aquele conflito, que é motivo principal da saída de todo esse povo, especialmente numa palavra clara com toda autoridade civil em todos os países aonde eles servem e evangelizam”, reiterou.

visita-patriarca4O patriarca também ressaltou um pedido de fé para que Jesus reforce a fé e a esperança “para conseguirmos realmente firmar o nosso povo que está na Síria, no Iraque, no Oriente Médio”. “Eu creio sim que o Senhor Jesus jamais abandona o Oriente Médio e os cristãos do Oriente Médio, e sempre estão protegidos debaixo do manto de Nossa Senhora e aqui eu suplico à Nossa Senhora Aparecida, que proteja nosso povo”, continuou manifestando gratidão pela oportunidade de fazer chegar ao Brasil a realidade do povo sírio.

Apoio da Igreja no Brasil

Dom Sergio da Rocha explicou que a CNBB deve buscar a melhor forma de a Igreja no Brasil expressar o seu apoio à Igreja que está na Síria, especialmente em relação aos refugiados. “Precisamos olhar com maior atenção e procurar discernir quais os passos que devem ser dados para expressarmos de maneira mais efetiva nossa solidariedade”, explicou.

O presidente da CNBB ainda lembrou que há no país o trabalho que já vem sendo feito pelo Serviço Pastoral do Migrante e pelo Setor Mobilidade Humana da CNBB na questão dos refugiados, mas também considerou a possibilidade se pensar de maneira mais ampla como as comunidades podem expressar melhor essa solidariedade. “Nós já realizamos no passado, inclusive, coleta em favor dos irmãos que estão na Síria, mas podemos expressar, cada vez mais, nossa solidariedade através da oração, da proximidade fraterna, da cooperação missionária e, é claro, na atenção aos refugiados”, ressaltou.