17/06/2021 “Faz escuro, mas eu canto”: Nossa Ciranda das comunidades em rede.

Aconteceu no último dia 15 de junho, mais uma edição do nosso “dia D” rumo ao 15º Intereclesial das Cebs. Como ocorre em todo dia 15 de cada mês, desta vez aproveitamos a possibilidade da internet para nos conectarmos a mais de 900 pessoas, através da Ciranda das Comunidades.

De acordo com o padre e musicólogo Jaime Diniz, a Ciranda é de origem portuguesa, tendo chegado ao Brasil no século XVIII, predominando no Estado de Pernambuco, na Mata Norte e no litoral, como dança de roda de adultos mas que incluíam também crianças, mulheres, livres e escravos, tornando-se uma das mais democráticas de nossas danças, genuína cultura popular. Desde o nordeste, espalhou-se por diversas regiões do país, passando a inspirar outros gêneros musicais, entrou na nossa caminhada, nas nossas rezas e liturgias, como forma de reconhecer nossos corpos como lugar de louvação e de morada do Espirito Divino que nos alegra e nos habita.

O reconhecimento dos modos de reza e de espiritualidade do povo, juntamente com valorização dos artistas e animadores das comunidades, foram as motivações principais da Ciranda que reuniu, nesta primeira experiencia animadores/as de Mato Grosso e contou com um convidado da Bahia.

Animados pela Caline Maria e pelo Adilson Francisco de Rondonópolis, aprentaram-se no quintal da Ciranda a Vanda e Salomão – cantadores do Pantanal – de Cáceres-MT; a Lenita e o Francisco Arailton das Comunidades Santa Luzia e Santa Terezinha, animaram a noite com os clássicos Baião das Comunidades e Xote Ecológico, ao som maravilhoso de uma sanfona. Mas houve quem trouxe uma bela história de luta e esperança, na voz da contadora de histórias, Patricia Itaibele de Juina-MT.

Enquanto os artistas se apresentavam, nossos irmãos Dirceu, Tania, Isabela e Maria Clara ajudavam nos bastidores com o acompanhamento das participações das pessoas que cirandavam conosco de diversos cantos do pais. A cada apresentação estas manifestações foram sendo lembradas na roda e ajudou a esquentar o friozinho junino.

O convidado de mais distante, foi o Roberto Malvezzi, nosso amigo “Gogó”, cantor, compositor, assessor da CPT que cirandou cantando e também partilhando seu jeito de viver a religiosidade popular e traduzi-la em arte. Momento emocionante foi quando nos contou quando de sua viagem à cidade de Corumbá -MS, encontrou inspiração para compor sua Oração a Nossa Senhora do Pantanal. “Entrar dentro da espiritualidade do povo, com simplicidade, com respeito, é uma dica importante para quem quer compor canções que povo cante”, lembrou Gogó.

Para encerrar, a pequena Maria Clara cantou “Ninguém solta mão, ninguém”, música tema da Ciranda das Comunidades. Filha do nosso irmão Adilson, Maria Clara participa da Comunidade Rosa Mística onde está aprendendo a “cantar nas celebrações e na catequese”. No final, o trio Kaline, Maria Clara e Adilson, fizeram a ciranda rodar com a linda canção “Olha pro céu” do inesquecível Luiz Gonzaga.

A ciranda das Comunidades contou com todo suporte técnico da equipe Comunica 15 que integra comunicadores populares de Londrina, Juazeiro, Poconé, Cuiabá, Cáceres e Rondonópolis. Leoni e Batista capricharam na elaboração do convite e do vídeo, além da ajuda do Diego de Rondonópolis na captação das imagens. Foi realizada no quintal da casa do irmão Adilson e obedeceu aos cuidados sanitários que o momento de pandemia exige.

Comida em todo prato e vacina em todo braço, foi o refrão que embalou esta ciranda. Segundo Adilson, esta foi a primeira de muitas outras que poderão acontecer em cada regional ao longo deste período preparatório do 15º Intereclesial.

Obrigado a todas as pessoas que ajudaram e a quem participou mesmo de longe, alargando a roda para cada regional e para as comunidades. Se a pandemia exigiu distanciamento, a ciranda nos aproximou.