Foto: Andrés Pasquis

A casa de dona Paulina e seu Marino França, agricultores familiares da comunidade Campinas de Cima em Livramento, foi o palco da V Festa da semente crioula, no dia 17 de Setembro (Sábado), um intercâmbio de saberes e sabores agroecológicos, organizado anualmente pela Comissão Pastoral da Terra-CPT-MT e seus parceiros.
A Festa da Troca de Sementes crioulas ofereceu às comunidades envolvidas a possibilidade de participar de debates sobre a importância da organização da agricultura familiar.
No decorrer do encontro vários temas foram discutidos, como, por exemplo, os impactos do sistema imposto pelo agronegócio com suas monoculturas e venenos, ou ainda a agroecologia como alternativa social, política e econômica. Para isso foram organizadas seis oficinas, abordando conteúdos como sementes crioulas e conhecimentos da roça, saberes e sabores do cerrado, saúde e plantas medicinais, os impactos do uso dos agrotóxicos na saúde, a agroecologia e o direito à água. Todas essas temáticas estão ligadas umas às outras, como explicou a Irmã Vera, conselheira permanente CPT, que participou da oficina sobre a saúde. “Já vimos que nos territórios onde há utilização de agrotóxicos, o câncer não é mais uma doença isolada. Nossos companheiros estão morrendo envenenados todo dia, por isso precisamos nos organizar e resistir, protegendo nossas culturas e defendendo a agroecologia”, disse. Depois das oficinas, agricultoras e agricultores que levaram milho do próprio cultivo, puderam realizar um teste de transgenia com técnicas e técnicos da Federação de Órgãos para assistência social e educacional – Fase. Francileia Paula de Castro, técnica da Federação e representante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, explicou que, além das ameaças para a saúde a utilização de agrotóxicos e produtos transgênicos representa também o risco de contaminação das culturas e biomas vizinhos. Esses e outros temas relacionados também serão abordados durante o Encontro Estadual de Agroecologia de Mato Grosso, que acontecerá no final do ano em Cuiabá, organizado pelo Grupo de Intercâmbio em Agroecologia – Gias, que a CPT, Fase e outras cinquenta organizações integram, informou Francileia.
Os participantes da festa também puderam disfrutar de apresentações lúdicas e culturais, como siriri e cururu, comprar produtos agroecológicos e artesanais na feira da economia solidária que acontecia durante a festa, e degustar um delicioso almoço oferecido pela comunidade.
Seguindo sempre o lema ‘Apesar da seca e das cercas, o cerrado ainda floresce’, foi realizado no final do encontro o momento mais esperado por todos: a troca de sementes crioulas e mudas. “A troca é o ponto forte do encontro. É um momento de euforia, de intercâmbio e de fortalecimento das relações, é realmente muito gratificante”, confessou Aline Agente da CPT na Baixada Cuiabana.
A próxima Festa da semente acontecerá no município de São Manoel do Pari, durante o mês de outubro 2017.

Fonte:  Andrés Pasquis, do Grupo de Intercâmbio em Agroecologia – GIAS